domingo, novembro 8

Samadhi

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Afastaram-se os véus de luz e sombras
Evaporou-se a bruma da tristeza
Desvaneceu-se a aurora de alegria efêmera
Desfez-se a miragem dos sentidos.
Desapareceram o amor e o ódio, a saúde e a doença, a vida e a morte -
Da tela de projeção da dualidade
Extinguiram-se todas estas sombras ilusórias.
Ondas de alegria, rochedos pontiagudos de ironia, redemoinhos de
melancolia
Dissolveram-se no vasto oceano de bem-aventurança.
Com o bastão mágico da intuição profunda
A tempestade de maya serenou.
O universo, como um sonho perdido na lembrança,
Espreita subconscientemente
Prestes a se apossar de minha memória divina recém desperta
Eu existo sem a sombra cósmica
Ela, porém, não pode existir sem mim;
Assim como o oceano existe sem as ondas,
Mas as ondas não possuem existência sem o oceano.
O sonho, o despertar, o estado de sono de profunda turiya,
Presente, passado e futuro nada mais são para mim.
E sim o Eu eternamente presente, sempre crescente, Eu em toda parte


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Prazerosamente consciente
Além de toda expectativa da imaginação.
É este o meu samadhi.
Planetas, estrelas, poeiras de constelações, globo terrestre,
Erupções vulcânicas de cataclismos do Juízo Final,
Forno moldador da criação,
Geleiras de silenciosas e elevadas radiações,
Dilúvios de elétrons em combustão
Pensamentos de todos os homens passados, presentes e futuros.
Cada folha de grama, Eu mesmo e tudo mais,
Cada partícula da poeira da criação,
Raiva, ambição, bondade, maldade, salvação, luxúria,
Tudo assimilei - tudo transmutei,
Num único e vasto oceano de sangue do meu próprio Ser indiviso.
Uma alegria incandescente, alimentada muitas vezes pela chama da
meditação incessante,
Cegou meus olhos marejados,
Explodiu em labaredas de bem-aventurança eterna
E consumiu meu pranto, minha paz, minha forma, meu todo.
Tu és Eu, Eu sou Tu
O conhecimento, o ato de conhecer e o objeto de conhecimento
Unificados!
Emoção tranqüila e contínua de paz eternamente nova e sempre existente!

Nem estado inconsciente,
Nem clorofórmio mental sem retorno voluntário.
O samadhi expande o reino de minha consciência
Além dos limites de minha forma mortal
Até as fronteiras da eternidade
Onde Eu, o Oceano Cósmico,
Observo o pequeno ego flutuando em Mim.
Nem um pardal ou um grão de areia cai sem que Eu veja.
Todo espaço flutua como uma geleira no mar da minha mente.
Eu sou o Receptáculo Colossal de todas as coisas criadas!
Pela meditação profunda, longa, constante e ardente, concedida pelo Guru,
Este celestial samadhi é alcançado.
Ouve-se dos átomos sussurros movediços;
Terra escura, montanhas e mares são líquidos em fusão!
O mar ondeante se transforma em nebulosas!
O Aum sopra sobre a névoa;
E ela descortina seus véus,

Revelando um mar de elétrons cintilantes,
Até que, com a última vibração sonora do tambor cósmico,
Desaparecem as luzes densas absorvidas pelos infindáveis raios luminosos
Da alegria cósmica que tudo permeia.
Da alegria viemos,
Para alegria vivemos,
Na sagrada alegria nos dissolvemos.
Eu, o oceano da mente, bebo todas as ondas da criação.
Os véus sólidos, líquidos, gasosos e luminosos
Elevam-se com perfeição.
Eu em tudo,
Penetro no Imenso Eu.
Desaparecem para sempre,
As sombras intermitentes e vacilantes de uma memória perecível.
Meu céu mental está límpido,
Abaixo, acima, bem alto
A eternidade e eu juntos, num só raio.
Eu, uma pequena bolha de riso,
Tornei-me o Próprio Oceano da Alegria.

Por Paramahansa Yogananda


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*Samadhi*: "Samadhi é o estado no qual a consciência está somente na natureza do objeto concentrado, sendo calma como a chama de uma lamparina em um local sem vento, e no qual a sensação da ação de concentração e do Eu ('Eu estou concentrando') aos poucos desaparece."
"Assim como um cristal de sal atirado na água dissolve-se nela e torna-se uno com ela, o estado no qual se atinge a unidade da consciência do 'Eu' com a suprema consciência é chamado samadhi."

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